20.7.11

Brincadeira de Criança



Na casa dos meus pais, onde cresci, filha única, valia-me muitas vezes a imaginação para preencher as horas vagas de amigos. Durante muito tempo entretive-me com uma consola da Sega que o meu pai me comprou numa viagem à Alemanha. Recordo-me que nesse tempo os vídeo jogos ainda não tinham chegado a Portugal. Depois cansei-me. As barbies já não tinham mais cabelo para cortar. E já tinha esgotado todas as hipóteses de indumentária diferente. Cheguei a brincar com loiça e com uns insectos de prata que a minha madrinha, já morta, trouxe de França. Mas o que eu gostava era de puxar a mesa de centro da sala até ao sofá e sentar-me com folhas pousadas fingindo ser a pivot do telejornal. De frente tinha um grande espelho pendurado na parede onde podia contemplar o meu ar sério. Cresci enquanto esperava, todas as sextas feiras, que o Notícias de Guimarães e o Jornal da Povoa de Lanhoso chegasse pelo correio. Não ligava às notícias, mas gostava de saber o nome de quem as fazia. Um dia, passou-me pela cabeça que, no futuro, podia ser eu a faze-las. Não é que sou?!
Às vezes, quando se trabalha num órgão regional, parece que o que escreves só interessa a ti e ao teu entrevistado. Desanimas e pensas que as “tricas” políticas e partidárias só são lidas pelos assessores. Quase não te apetece corrigir o que escreves e até apostas que se deres um grande pontapé no português ninguém dá por ela. Isto acontece mais no início da tua carreira, quando maldizes a colega que entrou na RTP. Não estou nessa fase. 10 anos depois ponho tudo o que posso nos meus textos. Espero que lhes sintam o cheiro ao lê-los. Que ouçam o choro ou se envolvam nos sorrisos.  E tem compensado.
Ainda assim, ontem, tive a prova que o que escrevo, aqui, na cidade pequena, vai longe. É lido. E tido em conta. Ontem recebi uma chamada da SIC

1 comentário:

  1. E ela a dar-lhe!!! E nós aqui... virgenzinhas... à espera de engravidar pelos óvidoze...
    ;-)

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