5.8.11

Estou de parabéns!


Não dizer nada no dia do aniversário era vergonhoso. Iam pensar que não estou feliz, que estou amargurada a mal dizer as férias e o tempo e a queixar-me de estar enfiada em casa a mudar fraldas e a adormecer bebés. Não quero correr esse risco. A língua do povo é afiada e aprendi a lição quando há muitos anos a vizinha ligou para a minha mãe a dizer que eu estava embriagada na via pública. O que valeu é que estava sentadinha no sofá do canto com um prato de miluvit mel e a ver a Rua Sésamo nas barbas da minha mãe.
Perguntei há pouco como estava o dia quando nasci. Queria ter motivos para escrever... Em vez do once upon a time, diria..."era um dia quente de Agosto, deu entrada no hospital pouco depois do raiar do sol e duas horas depois a criança, alva como a neve, abria pela primeira vez os olhos ao mundo...". Mas, a minha mãe não se lembra do tempo, só que pagou à parteira para lhe facilitar a "horinha". Vamos abreviar, ok, nasci no velhinho hospital da Misericórdia - verdade, ainda sou dessa geração - sem epidural e com três na sala a parirem ao mesmo tempo. Também é verdade que fiz um batalhão de exames por ser tão branca, mas verificou-se que era apenas defeito de fabrico.
29 anos!!! Ufa, estou a 1 dos 30... Na prática o que muda quando se passa de vintona a trintona (além da cena de se usar e abusar do batón vermelha e de nos chamarem dona?)?? Alguém sabe? Alguém que já tenha passado por esta metamorfose... É agora que aparecem as brancas? E que a gravidade se torna implacável? Que vais substituir a amizade de anos com os sapatos pela amizade com os diamantes? É nesta fase da vida que nos oferecem o descapotável?
A verdade é que até agora o melhor presente foi a cantoria matinal das minhas filhas enquanto me saltavam para o colo. E tenho a certeza que não haverá melhor.

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