31.10.12

São completamente doidos




 

Os americanos, de um modo geral, e os jornalistas americanos, em particular.
Eles acham que notícia só é notícia se estiverem em directo na boca do tubarão. Ou neste caso, no epicentro do furacão. Estas são apenas algumas imagens, mas vi tantas, nos telejornais. E o mais irónico é que o que supostamente seria um grande exclusivo assume contornos de comédia, ao jeito daqueles vídeos engraçados que passam em programas como o Gosto Disto.
Estou a lembrar-me de um jornalista da CBS que tinha um mar violento como cenário e rajadas de vento que atingiam sei lá que velocidade, mas a suficiente para não permitirem que o homem se mantivesse quieto. Foi, aliás, numa dessas rajadas que caiu e ficou preso nos destroços da tempestade. A colega em estúdio gritava assustada com o que considerou ser uma situação de perigo iminente para a vida do repórter. Mas, no terreno, preso nos destroços, era possível ver nos olhos do jornalista as audiências que resultariam daquela situação real (tipo, que oportuno o que me foi acontecer, quiçá ainda me erguem aqui uma estátua e o Obama enaltece o meu feito na campanha).
São completamente doidos. Desprovidos de bom senso. Movem-se pelas audiências e pelo melhor directo.
A diferença está, porventura, na mentalidade, e no hábito das catástrofes.
Nas imagens que vi, não vi um único americano chorar, lamentar-se, pela falta de luz, pela devastação, pelas vidas que se perderam, pelo adiamento do Halloween. Vi, antes, nova iorquinos vestidos de Batman e outros com máscaras de cavalos a pousar para as câmaras nas costas do repórter.
São completamente doidos.

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