Quando estamos os quatro no carro já desistimos de ir sozinhos a qualquer lugar. Inicialmente, ainda dizia ao homem, "vai lá, traz pão, queijo, fiambre, leite..." ou então, "olhem uma estrela cadente" e escapava-me para ir ao supermercado sozinha. Deixava a mais pequena em prantos, colada ao vidro, a olhar-me.
Decidimos então que se estamos os quatro, vamos os quatro.
Lá fomos, primeiro aos chineses comprar pilhas, depois buscar comida e finalmente comprar pão.
Enquanto o marido pagava as compras fui ao multibanco levantar dinheiro. A pequena sombra seguiu-me. Lembrar só que a fulaninha não me chega à altura da cinta.
Eu em frente à maquina, ela encostada às minhas pernas. Código, levantamento, talão. Então e o dinheiro???? Olhei outra vez a ranhura. Nada!!!! Já estavam duas pessoas à espera que me despachasse para usarem a máquina.
Deixa cá consultar o saldo a ver se o dinheiro saiu. Efectivamente, a quantia havia sumido, mas não me tinha vindo parar às mãos.
Olho para trás e noto a impaciência das pessoas, já em fila. Reparo também na pequena sacana que se começava a afastar. "Constança, espera...". E ela, a correr, cada vez mais apressada, acena-me com as notas na mão e diz "espea mãe, vou xó pagaire".
Moral da história, a minha própria filha roubou-me. E fê-lo tão discretamente que se, por acaso ela tivesse perdido o dinheiro, eu nunca teria sabido o que aconteceu.
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