14.2.14

As paredes têm ouvidos?

Uma das maravilhas das crianças é a capacidade que têm de acreditar.  Se lhes dizemos que na Páscoa há coelhos concebem facilmente a hipótese de um coelho lhes bater à porta. Eu, por exemplo, para combater o vício da chupeta das minhas filhas costumo usar a ameaça que uma coelha qualquer vai levá-las confundindo-as com uma cria. Usei com a Carolina. Uso, hoje em dia, com a Constança. A mais velha não podia ver decoração de Páscoa com medo que o bicho ganhasse vida, a agarrasse por um braço e a levasse para a horta.
Ultimamente tenho-me debatido em explicar a expressão "as paredes têm ouvidos". Como é que eu explico isto a uma criança de quase quatro anos?
Descobriu a expressão num filme da Disney e apareceu admiradíssima ao pé de mim, "mamã as paredes têm ouvidos?". Foi numa manhã, já atrasadas para sairmos de casa. Não valorizei a pergunta, achei que em breve se esquecesse e respondi algo do gênero, "têm, vamos lá despachar-nos para não chegarmos atrasadas". E ficou por ali.
Uns dias depois, após deixarmos a Carolina na escola, insistiu, "as paredes do carro também têm ouvidos?". Sorri. Respondi-lhe que não, no carro não corríamos o risco de nos ouvirem.
Esta semana, quase a chegarmos ao colégio voltou a reflectir no assunto, " achas que as paredes do colégio têm ouvidos?".
Achei melhor dizer-lhe que não. Não quero imaginar a minha filha olhar de esguelha para as paredes enquanto imagina uma orelha gigante, ainda começa a ter pesadelos com paredes. Mas não acredito que fique por aqui.

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