19.3.14

O dia em que nasceste






Pensei que morria também enquanto morrias em mim. Com o oxigénio colocado, deitada, de pernas abertas com uma mão no ventre que te amparava a vida. E eu ali...um recipiente inútil que te albergou nove meses para depois não te valer na hora de viveres. Chorava. Imóvel. Com medo de morrer-te. Ou morreres-me.
A vida - aquela semana, há quatro anos - tinham-me ensinado que os finais de felizes estão em desuso até nas comédias românticas.
Mas tu, sua sacaninha, aguentaste-te. Valeste-te. Eras o recém nascido mais lindo que tinha visto. A verdade é que nunca tinha visto nenhum bebé acabado de nascer bonito. A tua irmã sacada à ventosa parecia um pepino. Quando te devolveram a mim, redonda como uma laranjinha, passei a acreditar na felicidade do fim. E na eficiência médica.
Parabéns minha mafarrica.

1 comentário:

  1. Parabéns, Constança!!! ;-) Tão lindo o texto, até me escorreu uma pequena lágrima...

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