Carolina

A esta hora - depois de teres nascido ontem, há 7 anos - só me apetece ser básica. E dizer aquelas tangas que toda a gente diz. Tipo, "partes de mim" ou " és a minha vida".
Escrevia algo semelhante e enfim dormia. Mas, isso é tão pouco. Aliás, isso é nada, comparando com o que a tua chegada transformou a minha vida.
Tomaste-me as entranhas. E o fôlego. E devolveste-me uma vida nova, depois de outra que se perdeu.
Levaste-me as forças. Com gritos, sangue e cateteres arrancados. Ventosa pelo meio.
Não chorei - como julgo, saberás.
Aliviei-me por findar aquele sofrimento físico que nuca antes sentira.
Nos primeiros instantes era como se não fosses minha. Enquanto me olhavas com aqueles olhos já tão grandes e despertos. Nos instantes seguintes foi como uma obsessão...reflectida na atenção desmedida para com aquela criatura que tinha acabado de nascer...de mim.
Não queria adormecer para não deixar de te ver.
E no teu choro de vida, de início, apagou-se o passado. Como se eu nunca tivesse vivido sem ti.
E o tempo só foi tempo a partir de 19 de Maio de 2005.
Depois de ter feito doces até de madrugada, de ter ido buscar balões a Famalicão, de ter passado um dia a ouvir gritos, choro e reclamações de crianças. Com pegamonstros colados pelo tecto e sumo de laranja nos sofás, tenho direito a ser básica e acrescentar que foste a melhor coisa que me aconteceu na vida.