Eles e Elas Parte II

Ser mãe - carregar uma barriga - sempre foi um dos sonhos da minha vida.

Como fui magra toda a minha infância e adolescência, adorava simular ao espelho um grande barrigão. E sempre soube (não me perguntem como) que teria a minha Carolina.

A Mary é testemunha dessa certeza e qual menina romântica nos seus 15 anos, até me bordou um paninho com comboios, ursos e soldadinhos de chumbo e o nome Carolina.

Verdade seja dita,  nem equacionei a hipótese de poder ter uma vida masculina a crescer dentro de mim.

Sete anos depois é um prazer imenso adormecê-la todas as noites com o meu corpo entrelaçado no dela.

Quando engravidei pela segunda vez, sabia que exceptuando eu e a minha mãe, todos torciam pelo menino. A história gasta do casal que é tão mais giro...

Eu não... Já as imaginava de totós no cabelo e vestidos iguais. E quando o ginecologista confirmou o sexo, a minha predileção sexista foi desmascarada. "Mas não querias antes o menino?", perguntou-me o homem.  Mil vezes não!!!

Perdoem-me meninos fofinhos, de caracóis no cabelo e suspensório no calção, mas nós, meninas, somos tão mais espertas. Desfraldamos mais cedo. Falamos mais cedo. Até andamos mais cedo!!! Embalámos bebés com 1 ano de idade; trocámos-lhes a roupa; colocámos-lhes a fralda; passeamos Nenucos no parque. E já preferimos o cor de rosa.

O meu carro, por exemplo, está cheio de laços do cabelo e bebés. Convenhámos que é um cenário bem mais agradável do que deparar-me com um action-man no lugar do pendura. Ou ver um dinossauro de dentes afiados através do retrovisor.

Aos 30 anos - e sabendo de antemão que preciso de um intervalo de cinco anos - quando penso na possibilidade de uma terceira gravidez ocorre-me imediatamente menina. Seria perfeito. Três meninas. No futuro, quatro mulheres. É perfeito! Só eu é que percebo isso?

Quantas vezes, elas se passeiam na rua, em sintonia de roupas, ou pelo menos de cores, e as olham com a ternura de quem contempla qualquer coisa bonita. E não raras vezes perguntam-me "então, vai arriscar o menino?" (assim como me diziam na segunda gravidez, deixe lá ser menina, o que se quer é com saúde. Mas esta gente é louca???) e eu respondo, "nem espero pelos cinco anos se souber que vem outra menina".

Maneiras que Lina, não penses mais... como está(s) é apenas perfeito.