24.5.12

Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência




Saímos só as duas e parecíamos tantas no interior da BMW cinza.
Não me lembro o que vestias, mas sei de cor o preto do meu vestido. Curto. Decotado. Com um corpete dourado. O cabelo - ainda longo - risco ao meio e apanhado, estilo deusa grega.
Paramos na BP para comprar slims. Sabor a menta. E enfiámo-nos na A3. Destino: Póvoa de Varzim.
Era uma qualquer noite de Maio. Quente. E quentes éramos duas mulheres, lindas e descomprometidas.
Tínhamos encontro marcado e nem sabíamos bem com quem. Não que importasse…
Estacionámos a carrinha ao pé do Farol. E deixámo-nos estar. A rir e a fumar. Depois de vermos o acidente no semáforo.
Eu tive que ir. Deixar-te à espera da tua companhia - um qualquer engenheiro não sei de quê, do interior, que te postava cenas já não sei onde.
Não queria deixar-te ali. Só. Acompanhada do mar...
E o monovolume em segunda fila continuava parado.
Olhei o homem com pior ar que deambulava na rua. Chamei-o. Ofereci-lhe 1 euro ou dois - não me lembro - e pedi-lhe que te fizesse companhia... até a companhia chegar.
Aquele homem, arrumador de carros por vocação, deu-te lume, cigarro após cigarro. E não arredou pé, conforme, combinei com ele.
A caminho de casa, trouxemos connosco a história mais insólita de todas as que temos. Contaste-me o que ele te contou. Falou-te do mar e dos seus mitos. Das crenças dos poveiros. Da sua dependência em drogas. Tu, no interior da BM cinza, com o vidro aberto. E ele fiel à função pela qual tinha sido pago. Acompanhar-te.

1 comentário:

  1. Não sei o que diga, mas lembro-me de umas histórias surreais de homens vivos dentro de peixes!?!
    Eu não vi só te estou a vender o peixe como me venderam a mim!!! :-D
    O que será feito do engenheiro???

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