28.5.12

Regressos

Hoje voltei a uma casa onde já estive.
Foi há um ano. Era uma casa enlutada. O homem tinha acabado de falecer do coração depois de se atirar de uma ponte. E só tinha saído para comprar cigarros na BP.
Não era um bom pai nem bom marido. Batia na mulher. E ainda assim ela vestia preto, dos pés à cabeça e beijava-lhe o rosto no papel da funerária que anunciava a missa de sétimo dia.
O salto para a morte desse homem resultou numa nova vida para a mulher e o filho. Resolveu problemas graves - com a ajuda de outros, é certo - pintou a casa e comprou LCD. Ela que na altura desconhecia que teria direito a metade da reforma do homem que tantas vezes lhe valeu visitas nocturnas ao hospital para suturar os golpes na cabeça e no rosto.
Mas, hoje voltei lá. E o motivo - ainda que discutível - não é o melhor.

4 comentários:

  1. Sou uma leitora assídua. Gosto do seu blogue e lamento não acompanhar tanto os seus trabalhos enquanto jornalista - devia publicitá-los mais aqui - por isso mantenha informada.

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  2. Nova reportagem na forja?! Também quero saber

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  3. Só com esta introdução já fiquei curiosa. Avise, pf

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  4. Li todas as reportagens que escreveu no Expresso do Ave. Sempre admirei a forma como escreve. Com poucos filtros.
    E comprava o jornal só para ler os artigos que assinava. Tenho muitas saudades do Gente da Nossa Terra, eram textos que divertiam, outros deixavam-nos a pensar... ou as grandes reportagens e entrevistas.
    Desde que percebi a sua saída, deixei de o comprar. Vou acompanhando o seu "trabalho" por aqui, embora seja um registo diferente.
    E fiquei muito contente quando vi o seu último trabalho no Comércio de Guimarães. Muito bom, como sempre. Espero que nos brinde mais vezes com os seus textos, sempre escritos com alma.
    Obrigada

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