Eu tenho pesadelos com o meu cabelo. Tem manhãs que acordo e a primeira coisa que faço é botar a mão à cabeça.
Em criança, a minha mãe perseguiu o meu cabelo. Usei-o curto toda a infância. E quem tem cabelo curto - ou o corta - sabe como é difícil deixá-lo crescer.
Quem faz um corte radical adora, mas, diz-me a experiência que meses depois, quando passar o efeito novidade, vai arrepender-se e desejar os cabelinhos que ficaram no cabeleireiro.
A Fátima voltou a cortá-lo e parece que estou a vê-la a descer as escadas do Perdoa-me. Não gostei nada.
Também a Maria Guedes disse adeus aos seus cabelinhos. Não gostei. Adoro-a, mas não gostei.
E é assim. É do que se fala depois do Natal. Tal não é o vazio.
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