25.5.17

A (im)possibilidade do nosso amor.



Falaram-me de alguém que não sendo adepto de futebol era um fervoroso apoiante do Vitória, assíduo nos jogos em casa e fora. Alguém apaixonado pela paixão dos vitorianos e que ainda por cima não era de Guimarães, nem de Portugal. Tinha o mote para o que poderia ser uma boa reportagem. Depois de aceite pela direcção da revista avancei para o contacto. Uma mensagem profissional por facebook a propor a entrevista. A resposta foi devolvida no mesmo registo. Rapidamente agendamos a conversa para dali a dois dias.
Não voltei a pensar no assunto e confesso que na manhã daquela sexta-feira de Maio até achei que não fosse aparecer.
Usei um vestido branco que gosto muito. Giro e confortável para um dia quente, como o de ontem e o de anteontem.
Cheguei primeiro. Não esperei muito até que o vi entrar (também me lembro da t'shirt que usava) e dirigir-se a mim de braço estendido. Com duas sílabas disse-me o nome com uma pronuncia bem portuguesa. E ocupou o lugar à minha frente.
Contou-me da viagem da sua vida. Voltou à Rússia. Comoveu-se. Falamos de desporto e alimentação. De Guimarães e do Vitória também. Falamos coisas que não verbalizamos. Achamos naquela hora que tínhamos suspendido o tempo, mas os minutos continuavam a contar como nos lembrava o telemóvel dele que não parava de tocar e que ele silenciava.
Acabamos por sair com uma pressa disfarçada. Novo aperto de mão na despedida.
Saí dali e fui correr. Ele foi trabalhar.
Não acredito em impossibilidades, muito menos na impossibilidade de um amor. O nosso seria impossível para muitos. Chegou a ser para nós também. Naquele Sábado que figura agora entre os momentos mais bonitos, apaixonantes e cinematográficos da minha vida, despedimo-nos entre lágrimas e mensagens pirosas. Por instantes, julguei que jamais o veria, como nunca o tinha visto até à entrevista. Mas, entre um soluço que silenciei com uma lufada de ar profunda nos pulmões, vi-o abalroar o acesso a minha casa.
 - Foram insuportáveis os segundos que me vi sem ti - disse-me num tom baixo e sereno.
E eu...também quis mais. Mas, não foi fácil (às vezes, ainda não é). Precisamos de bíceps olímpicos. E de tantas vezes me alongar nos músculos dos seus braços e aí fazer moradia por baixo de um céu estrelado encoberto em melancolia, vontade e gás a fervilhar das duas garrafas de minis agitadas.
Amores impossíveis? O amor sincero é livre de protocolos.

PS: mais noites e mais fotos como esta mesmo que agora bebas sozinho.

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