21.6.11

As palavras...sempre as palavras




Há gavetas que não abro. De tão desarrumadas que estão. Papeis, ou fotos, que sei jamais irei encontrar no meio da bagunça. São palavras a mais que se perderam. Algures entre essas gavetas e a uma caixa que estava em cima do velho guarda vestidos. Nessa caixa também havia cartas de amor. Muitas. De décadas que não as minhas. Mas, as palavras que procuro ainda não estavam lá. Pensando bem, não as cheguei a trazer comigo, desde que me mudei. Nunca mais as disse. Não voltei a ouvi-las. E não me parece que o futuro mas trará. Perderam-se. Irremediavelmente. E com elas levaram outras coisas. O barulho das chaves. O cheiro do after-shave. Os bilhetes do cinema. O assobio. Os cafés de domingo. O tilintar das moedas no bolso. As cadeiras de campismo. E as conversas de horas a fio. As escritas. As palavras escritas que te lia, enquanto te barbeavas. As palavras. Sempre as palavras que fazem a minha vida. E que muitas já perdi.

1 comentário:

  1. Muitas são as palavras que nos bailam na mente sem que tenham lugar numa folha de papel ou até mesmo nas teclas de um computador ou telemóvel... Muitas são as palavras que o vento leva ou que ouvidos surdos teimam em não as ouvir...
    No entanto, as ditas e escutadas no momento certo são aquelas que nos ficam para sempre nessa máquina que nos entretém a razão e que aqui no plano terreno ou espiritual para sempre serão sentidas!!
    Algum sentido este nosso caminhar breve de existência tem que ter, senão deixa de fazer sentido o nosso esforço.

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