29.8.11

Setembro cheira a novo




Proponho-me a parar de puxar os meus próprios cabelos num ritual que se fosse humanamente possível se repetiria ao longo de 24 longas horas. Toco-lhes e procuro as pontas embaraçadas que sei não existirem. É um gosto – impossível de explicar – arrancá-los e deixá-los caídos no chão. Por este vicío a minha mãe fica... de cabelos em pé. E também aqui, na redação, este "tique" já me valeu reprimendas.
Este é um dos meus objectivos de Setembro. Este, e emagrecer. As férias foram para dormir e ganhar peso.
O setembro é diferente. É melhor, do que o Janeiro, por exemplo, onde nos propõem a descabida tarefa de mudar de vida de um dia para o outro. Em setembro, pelo menos, e no meu caso, venho de um mês em tudo diferente, dos outros 11, que compõe o ano. É, portanto, mais viável a proposta de mudança. E perspectiva-se melhor  sucedida.
Em criança, ainda hoje sinto, nos dedos o prazer que tinha em abrir os novos cadernos, em pegar as novas canetas, em pôr nos ombros a mochila  que poucas vezes carreguei. Houve um início de ano escolar, quando comecei o segundo ciclo, que me apaixonei por um conjunto de material em tons azuis florido (lindo de morrer). Havia a mochila, o porta-lápis, a régua, os cadernos e o guarda chuva. Pedi ao meu pai com tamanha convicção e persistência que não teve como recusar. Quando o primeiro dia de aulas chegou não tive coragem de usar o meu material xpto. Tive medo que me gozassem. Receei começar no segundo ciclo com a mesma alcunha que me tinha acompanhado no primeiro “menina do papá”.  Quando frequantava o primeiro ano, a professora decidiu de repente fazer uma visita de estudo a um museu da cidade. Enquanto todos batiam palmas à idéia, felizes da vida por irem passear, eu chorava a um canto. Quando a professora me questionou respondi-lhe, “não estou autorizada a ir a lado nenhum sem consultar a minha mãe. Eu não posso ir sem ela saber”.
E assim se cresce, dentro de um casulo. É que já bastava ser ruiva para ser diferente. Não precisava do estojo rosa que se dividia em três e nunca usei para não ter de gastar os lápis.
A Carolina anda numa fase de contradição. Se eu quero que vista saia, ela quer calças, se eu quero calças, ela quer vestidos. Uma noite destas, nos momentos só nossos, no aconchego da cama, numa destas noites que começam a esfriar, lá estava eu a gabar-lhe a beleza e os olhos grandes, quando ela me diz, “mãe ainda não entendeste que eu não quero ser a mais bonita, nem ter as coisas mais bonitas? Eu só quero ser normal!”. Toma que é para aprenderes. 

1 comentário:

  1. De novo? ainda n senti nada.. nem o teu perfume, nem uma afabilidade maior...

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