As falsas donzelas

Escrevo sobre o amor.
Ou será sobre o tempo, que já foi. Num tempo que não cheguei a ter.
Direi, antes, que escrevo sobre sexo.
Ando à procura do título…
Falsas donzelas???
Hoje, o tema não é pertinente. Haverá donzelas, por opção. Que jamais serão falsas e certamente assumir a virgindade envergonha mais que confessar o contrário.
No tempo que foi, e já não é, o sexo no vão da escada  fazia-se mais do que alguma vez imaginei. E sabia tanto melhor que hoje quando o hotel já é tantas vezes o ponto de encontro. Sem pudor, sem a discrição e a elegância de um convite (interesseiro) para jantar. Esse tipo de sexo é como aceitar um copo de água quando a sede aperta. Não gosto.
O tema surgiu à mesa enquanto conversava com pessoas que nasceram na década de 50. Para meu espanto, nenhuma das mulheres sentadas comigo, casaram virgens. Não evitei a surpresa. Ingenuidade, talvez… Sempre ouvi a minha avó (da década de 20) contar-me das núpcias levada em braços, num tempo em que o “amor” se fazia às escuras. E constatar que três décadas depois a virgindade já era excepção (???).  Com o bónus de que quem ajoelhava tinha que rezar.
O casamento seria para elas (as falsas donzelas) o que as movia para despirem as cuecas encostadas ao muro frio. Então e eles? Crianças, tantas vezes de 15 ou 16 anos no mercado de trabalho desde os 10, mas crianças apenas? Impunha-se o casamento forçado. Porque o devaneio no vão da escada ou no muro frio acabava tantas vezes com uma barriga encoberta no vestido de noiva emprestado da filha da vizinha que tivera a mesma “sorte” e cujo filho também havia de nascer de 7 meses, porque como a minha avó sempre me disse, os bebés ou nascem de 7 ou de 9 meses, nunca de 8.
Maneiras que concluo que essa geração foi bem mais promíscua e menos puritana que a nossa. Porque os moços casadoiros não seriam assim tão certeiros para em 12 minutos e apenas uma única vez terem a "sorte" de arranjar mulher para casar.