12.7.12

A cidade até ser dia





Com luz natural é diferente. Menos minha. Mais de todos. Dos que são dela e dos que passam. Em turismo...em trabalho...por lazer (ou prazer).
Não há estacionamento. Há carros (menos) em segunda fila. Há agentes da PSP. Há novos de mãos dadas com velhos. São crianças que ainda não vão à escola e consomem as horas mornas dos avós.
Há reformados; estudantes; turistas altos e loiros; chineses; brasileiros... uns ainda com frio, outros barrados a protector, chinelo no pé,  t'shirt de alça. Há pedintes amputados à porta do banco...
Há o comércio tradicional - que não está à sua altura - e o entra e sai do Bolama. Os sacos à porta a guardar no segurança.
A Sãozinha do talho que me dava fiambre em criança continua por lá. E a Cuca com as raspadinhas e as capas do dia na porta.
Com a luz natural, a parede dos mortos parece um cartaz de qualquer espectáculo da CEC. O povo junta-se a ver os finados e as missas de sétimo dia.
À noite, não. É outra cidade aquela que se prepara para dormir...a cidade até (voltar) a ser dia.
Há silêncio. Não há pombas no Toural.
Não há PSP, apenas PM.
Os passeios estão vagos. O Bolama está fechado. A Cuca e a farmácia também.
A calçada torna-se mais confortável no vagar da noite, com a bebé numa mão e a trela da cadela na outra. Os beijos têm outro gosto e os abraços são infinitos, enquanto duram. E até os sorvetes da Clarinha sabem a Albufeira...

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