5.7.12

A minha filha anda no mundo sem comer


Mães como eu que se deparam com notícias destas... Esperem lá... olha, afinal fui eu quem a escrevi... ficam sempre com um pingo de cepticismo.
Nos aniversários a Carolina não toca no bolo. Na hora de distribuir as fatias vejo-a sempre escapar-se à socapa para não desfeitear o aniversariante.
Nunca a vi olhar para nenhum alimento com aqueles olhos de cãozinho que muitas crianças fazem.
Houve fases - tantas fases - que a tinha de lembrar de comer. Fazia 30 por uma linha para que ela ingerisse um prato de sopa. Fingia que ligava para a polícia; o meu marido tocava à campainha para que ela acreditasse que a assistente social vinha buscá-la; ameaçava com os médicos do INEM que jantam tantas vezes no Neca e estacionam a VMER à nossa porta; simulava ataques de pânico... Nossa! Tanta coisa que às tantas escapam-me outras.
Com a Constança é praticamente o mesmo. Mas, nunca foi preciso tanto circo. Talvez por ter entrado mais cedo para o colégio se alimente melhor do que a irmã e pela própria mão. Mas também não é glutona. São meninas de sustento fácil (ao contrário do pai).
São magras. Não se lhes vê um osso. Têm aquele ar saudável. E delicado. Costas direitas. Sempre a correr sem nunca cansar.
O pediatra adora. Alguns familiares quase me dão os pêsames pela "subnutrição" das minhas filhas.
E esta é uma das sustentações desta reportagem cujo suporte foi um estudo disponibilizado pelo meu médico de família.
Numa freguesia de Guimarães cerca de metade das crianças tem excesso de peso e perto de 20% sofre de obesidade.
Pais obesos, com pouca instrução e de um baixo nível económico influenciam negativamente o peso dos filhos. Essa foi uma das conclusões do estudo.
Gordura já não é formosura e por mais fofo que seja um bebé tipo o boneco da Michelin não é, de todo, mais saudável que as enguias das minhas filhas.
Já diz a OMS que a obesidade é a epidemia do século XXI.
Vamos lá a abrir os olhos.

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