23.12.12

O dourado fica-te mal, amiga


Mas por este blusão ia na Rodonorte até Vila Real

Podia voltar a escrever para os colegas que insistem com a crise, mas canso-me só de pensar nos quilómetros que percorri ontem para encontrar um restaurante onde coubessem duas pessoas.
No meu espaço preferido garantiram-me mesa em meia hora. Não esperei.
Optei por outro concelho. No primeiro restaurante, a gerência teve a amabilidade de fixar uma folha A4 na porta onde se podia ler "lotação esgotada". 
No segundo, o espaço também era escasso para duas almas - uma mais faminta que outra.
No terceiro, idem.
Liguei para o meu espaço preferido. Garantiram-me mesa em 10 minutos. Os minutos que precisava para lá chegar. 
O carro em segunda fila. O iphone sem bateria. O decote indiscreto. A estola sempre no chão.
Mesas enfileiradas de grupos. Separados por género. Ora homens. Ora mulheres. E um casal, confuso na hora de pagar a conta. O gelo como antítese ao vermelho quente das faces. A nota de 50 que ele tirou da carteira e a nota de 20 que ela não precisou insistir para que ele aceitasse.
As mulheres tinham cabelos arranjados. Ainda estáticos do secador. Tinham os olhos sujos do rimel porque a última vez que se maquilharam foi no casamento da segunda prima da parte do pai. 
Tropeçavam no salto, modesto, de pouco mais de 5 centímetros e cacarejavam...cacarejavam...cacarejavam...
Vestiam dourado. E o dourado não lhes ficava bem. O dourado matava-as. 
Malhem-me o quanto quiserem, mas coisa que não me agrada são mais de 6 mulheres juntas num espaço público.

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