17.2.14

Sobre as minhas filhas

A Carolina pesa quase 26 quilos. Está apaixonada e hoje decidiu que os homens não são partilháveis. "Ele há-de se resolver, ou eu, ou ela".
Tem crises de irmã mais velha. Tudo eu! A culpa é sempre minha! Eu é que arranjo todos os problemas. Egocentrismo, é o que é.
Chora. Continua a chorar com a facilidade que ri. Hoje, lavada lágrimas, confessou-me que passou o dia a tirar as pestanas e a pedir desejos, "que a minha mãe me venha buscar feliz". Vou sempre. Porque todos os dias sou feliz. E se estiver aborrecida faço-me feliz. Para muitos será mais fácil queixarem-se do que pegar nas rédeas.
A Carolina vai fazer a primeira comunhão no dia 18 de Maio.
Lê para a irmã, mostra-lhe página por página e no final faz-lhe perguntas.
Beija-me todas as noites antes de dormir, mas cada vez menos na boca.
Todas as manhãs ocupa o espaço curto que resta entre o meu corpo e o fim da cama e enrosca-se em mim até que o telefone desperte a segunda vez.
Nada lhe falta. Ninguém lhe falta.
A Constança come a sopa sozinha. Adora pão com manteiga. Continua sem superar a adição por chocolate. Enjoa a andar de carro. Sabe que as farmácias estão sempre abertas e que lá poderá sempre encontrar chupetas. Pergunta-me se sou surda se não respondo imediatamente ao que me pergunta. Morde raramente, mas quando o faz é sempre na cabeça. Trocou de namorado. Trocou a Bela Adormecida pelo Noddy. Trocou a cama dela pela minha. Há pouco perguntei-lhe se gostava da mana. "Adoro-a", respondeu-me.
Gosta de massa, arroz, gemas de ovo, carninha e de Pedro Abrunhosa. Gostam as duas, aliás.
Nada lhe falta. Ninguém lhe falta.


*dois meses de ausência é pouco tempo no vagar de um velho. Na pressa de uma criança é a diferença entre gostar e esquecer. Tenho para mim que já não se lembram.

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