15.3.14
Eu exijo um subsídio de risco
- Também está aqui?
Olhei-o com superioridade como se assim fosse possível explicar-lhe que desperdiçou palavras com aquela pergunta. Mas que raio. Podia arrumar logo com a questão e contar-me o que fez. Sustentado por aquela expressão descontrolada de um agarrado a ressacar.
As mãos trémulas. Ora no bolso. Ora, cruzadas sobre o colo. E as costas que vergava para aproximar o rosto perigosamente do meu. E eu imóvel. Superior. Disfarçava indiferença quando só me apetecia arrancar-lhe as palavras a ferro. Mas que palavras??? Saberia ele o que dizer?
- Dê-me 15 minutos. Prometo 15 minutos...
- Não posso. Não tenho 15 minutos.
E juntava as mãos, em prece e aproximava o rosto do meu.
Eu cruzava e descruzava as pernas. Olhava os saltos que o William roeu. E deitava-lhe os olhos.
Ele ria. Descontroladamente. Enquanto esperava que eu o acompanhasse na gargalhada. Mas, eu indiferente.
- Não vê que me querem matar?
- Ai sim?
- Ameaças de morte...Se fosse consigo não tinha medo?
- Depende do autor...
- Pois... Posso ser o 150 ou o 170...
E a gargalhada. Descontrolada.
- 15 minutos...
- Não...
- Vão-me matar... E você...
- Eu o quê?
- Você vai-me reconhecer quando eu estiver morto por esta camisola.
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