16.4.14

Mas que gente é esta?

Nunca morri de susto. Poucos me ouvem queixar. Sou optimista. Ou costumava ser. Acreditava nas pessoas e no país. Até hoje.
Sem preparação prévia dei de caras com a realidade. Esbarrei-me com ela e a topada que me deu doeu mais à noite quando arrefeceu. Dei por mim a pensar que futuro teremos? De que é feita esta gente?
Não discuto desemprego nem emigração. Vejo tantas vezes a miséria de dinheiro, de comida e conforto, mas custa-me mais a miséria de carácter. Eu que relativizo. Que vejo sempre o copo meio cheio e descortino a luz no mais opaco dos caminhos. Esbarrei-me com o português que não faz, não quer fazer e ainda desdenha dos que fazem. Gente nova, mais nova do que eu. Gente sem dinheiro a quem foi dada a hipótese de aperfeiçoarem qualificações e ainda tirarem algum. Com transporte e comida. Só lucro. Não era suficiente. Todos recusaram. Reclamaram. Que não, que não era para eles, que tinham filhos pequenos e não se podiam meter nisso, que é perda de tempo.
Gente nova, mais nova do que eu. Com cabeça de avestruz a dormir em cama de corpo e meio na casa da mãe.

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