10.4.14

Os nossos dias. A Carolina e eu.



A Carolina está de férias. Não frequenta ATL. Segue-me, desde que se faz ao dia. É ela quem me acorda. Mais, ou menos apressada, depende do entusiasmo que reserva para as próximas horas. No vagar, encolhe-se no espaço que resta. Na pressa, descobre-me e abre a janela. Veste-se. Resiste ao pente e à água no rosto. E espreita o que escrevo enquanto escrevo. Já lhe pedi que não o faça. Não gosto. Leva-me a inspiração a curiosidade.
São dias meus e dela. Conversamos mais. Passeamos abraçadas. Ou de mão dada. Acompanha-me na gestão familiar. E estorva-me no trabalho. Porque tem sempre sede. E fome. E o livro que quer não está na estante. Tem ideias malucas, como andar a pé.
São dias mais nossos como quando os dias há quatro anos eram feitos pelas duas.
Não sei o que é isso de ser, ou ter, irmãos. Não sei dizer se é mais difícil chegar primeiro ou chegar depois. Mas estou consciente que a Constança me consome o tempo e usa a dependência de ainda bebé para se chegar mais. Mais colo. Mais colheres de sopa. Mais atenção. Mais choro. Mais dependência.
Tento, até ao limite das minhas forças, estar nas duas frentes. E quando não estou é porque a Carolina me permite, pela sua autonomia, descurar tarefas.
Estes dias, mais nossos, compensam a absorção diária da Constança.
Não sei se é mais difícil chegar primeiro ou chegar depois. Conheço apenas a realidade de ninguém chegar. E a falta que faz esse abraço (de irmão) na perda.

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