24.6.14

Pára tudo que vou escrever sobre futebol



Já passou uma década desde que comecei no jornalismo a cobrir jogos dos distritais. Aconteceu-me ter de perguntar o resultado no final de algumas partidas. Nem sempre tinha a sorte do jogo aquecer, o árbitro expulsar meia dúzia mais o treinador e o público, em êxtase, invadir o pelado.
Quando me convidaram para outra publicação em que não teria a responsabilidade do desporto foi o primeiro momento deciviso.
Contextualizada que está a intervenção começo por dizer que já sabia que os risquinhos no Cristiano nada tinham a ver com a cirurgia. Inclino-me para excesso de confiança ao jeito dos cabelos pintados dos campeões nacionaios no último jogo da época.
Eu estava completamente entusiasmada com o Mundial. Li tudo. Vi tudo. Dei comigo a assistir a jogos à meia noite em vez de ver a Guerreira. Cheguei a levantar-me da cama e ir para o sofá. Acompanhei directos. Consultei amiúde sites desportivos. Se jogasse tinha apostado todas as fichas em Portugal. Mas depois daquele primeiro jogo, estava tão desgastada quanto eles, como se estivesse sob aquele calor exposta àquela humidade. E o pior é que não podia socorrer-me daquela frase "jogar como nunca, perder como sempre".  A nossa Selecção traiu-me. Vi-me em queda livre. Senti que o Mundial terminara depois do jogo com a Alemamnha. Mas senti mesmo. Não me animei ao terceiro dia como Cristo ressuscitou. Encarei a eliminação. Eu que sou de optimismo e euforia, que vejo sempre o copo meio cheio, que acredito que vai estar sol mesmo quando consulto o Instituto do Mar e da Atmosfera e a previsão é chuva.
Ao sexto dia da derrota quando gritei golo depois do remate do Nani foi como celebrar num jogo a feijões. Não chegava. Não chegou. O Cristiano não apareceu. Ao ponto de, no dia seguinte, a notícia ser o seu cabelo.
Para mim acabou no fim do jogo com a Alemanha. Para a maioria acabou com os Estados Unidos.
Ainda bem que haverá quem acredite.
Eu adoraria vir cá penitenciar-me na quinta feira.

3 comentários:

  1. Tenho pena é que o povo só se manifeste pelo futebol isso sim, cada um com os seus gostos é certo...mas, à mais além do futebol, são capazes de andar á pancada por causa de uma bola ou de um bilhete mas dar um murro na mesa e lutar para que este sistema mude custa muito e faz doí doí. Mas pronto secalhar sou eu que vejo mal as coisas :)

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  2. O futebol é paixão, movimenta multidões. E aproxima um povo dando lhe força suficiente para que juntos celebrem ou cobrem. Outros valores, tantas necessidades existem e cabe nos a todos lutar mas o tema não apaixona. Isso é algo bem português, basta vermos as manifestações diárias no Brasil contra a copa...

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    1. Caro anônimo, uma manifestação em Portugal como no Brasil, imaginemos sobre o Euro 2004 acho que seria impensável, é verdade que movimenta multidões, mas choca-me que as pessoas só se unam em torno do futebol...

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