30.9.14

A simplicidade que trazem na boca


As minhas filhas desenham antes de se deitarem. Criam uma aula de expressão plástica. De pé, a Carolina, dá ordens. Voz alta, dedo em riste. "Vamos falar dos animais da água. Quero exemplos". "Um tubarão", apressa-se a Constança. "Um tubarão? Não sei o que isso é...". Interrompo, "não sabes o que é um tubarão???". "Mãe, isto é método de trabalho. Estou a puxar por ela. A minha professora faz o mesmo para nós mostrarmos conhecimento". Encolhi-me na minha ignorância pedagógica.
"É um peixe enorme, azul, com dentes afiados que às vezes come pessoas", descreveu a Constança.
"Muito bem, então desenha. Vamos agora falar sobre os animais da quinta. Como se chama o namorado da vaca?". "É o boi", gritou a mais nova. A Carolina continuou, "quero mais exemplos de outros animais da quinta". A Constança, já aos saltos de entusiasmo, respondeu, "o cavalo!!!".
"Cala-te Salvador, não tarda vais ajudar a D. Maria José a pôr as mesas", dirige-se a Kiki à cadeira vazia. Falava para o aluno imaginário. Mas, rapidamente deu seguimento à aula, "Constança, muito bem, agora diz-me como se chamam os filhos do cavalo".
A pequena pensou. Olhou para mim. E para a irmã. Eu sabia que ela não sabia a resposta, mas esperei. "Olha, os filhos do cavalo chamam-se cavalos pequeninos".

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