2.9.14

Eu não sou dramática



Até perante a circunstância irreversível da morte. Fui prática. E subi as escadas. Aninhei-me perante a despedida (para sempre). E aguentei. Quase sozinha. Sem químicos. Sem desabafos. Partilhas ou livros de auto-ajuda.
Despi o preto do corpo, fui prática. E vesti-o num choro solitário abafado pela luz apagada.
Tento não pensar nos "ses" da vida. E quando penso, nunca é no que me traria de compensação financeira tê-lo comigo. Penso antes, "e se elas o conhecessem? E se ele lhes pegasse e desse a mão? E se ele as recolhesse na escola e as levasse semanalmente ao cinema como fez comigo? Se ele lhes desenhasse como prémio da sopa comida pela mão?"
Tenho um dedo do pé com uma infecção. Mais hoje do que ontem. Vou tomar outro brufen e esperar. Esperar que passe. Esperar que sare. Sem efeitos colaterais. Sem prejuízos. Sem uma amputação, embora esteja consciente que viveria sem o segundo dedo do meu pé esquerdo. Sou prática.
Mas, espero não desistir do meu dedo. Entendem? Embora me mantenha segura que, por vezes, desistir é opção que (só) assiste aos bravos.

Sem comentários:

Enviar um comentário