5.11.14

Irmãs.


Zara Brothers and Sisters

Por elas, conheço melhor este amor. Fui única filha numa altura em que as famílias ainda eram numerosas. Num tempo em que se criticava a opção de ter um filho só e até havia quem dissesse que os filhos únicos são malucos.
A falta de um abraço da mesma carne de que me fiz na hora da morte resolveu-me. Nem que fosse por aquele único momento, um filho meu, não sentiria essa falta.
As minhas filhas brincam melhor sozinhas do que juntas. Brinca cada uma no seu canto, do seu jeito. E quando tentam brincar ambas, por regra, corre mal. Não se entendem sobre quem é quem. Uma reprova o nome da outra. E a outra não aceita a sua profissão. Discutem acerca de onde estão e para onde vão. As tentativas de brincadeiras em conjunto costumam terminar com gritos e cabelos nas mãos.
Mas esta manhã, sentada no chão do meu quarto, a Constança equilibrou o telemóvel sobre o joelho. Imediatamente, gritou, "maaaaana...maaaaana...maaaaana...anda cá rápido!!!!! Anda ver o que consegui fazer!!!!"
Eu sei que elas não se valerão apenas no abraço da perda. Entre, cabelos, maldade, ciúme, bonecas sem cabeça e desenhos riscados, as minhas filhas valem-se todos os dias.

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