10.2.15

Não sei se lhe bata ou se lhe faça festinhas...


Ando há um mês a deitar-me com um ronronron na barriga. Desconsolada. Enquanto, do meu lado, o homem, afaga o estômago, antes do sono, com petiscos vários. Chocolate, batatas fritas, pipocas...Do meu lado, uma chavena de chá. Uma triste e solitária chavena de chá que nem pega tem.
Às refeições, ele coma batatas e arroz. No meu prato, só verde.
No shopping, antes do cinema, ele come Big Tasty. No meu prato, só verde.
Sei lá o que é comer um pão quentinho do Lidl cheio de manteiga...ou uma nata salpicada de canela.
Que saudades tenho do sunday com molho extra de chocolate. E de massa de cotovelos com feijão vermelho. O meu estômago chora ao pensar no Carnaval e no cozido à portuguesa da minha tia.
Um mês de privações e ronronron na barriga e o raio da balança andava sempre ali, entre os 58.700 e os 59.500. Ontem, quando me pesei quase tive um enfarte do miocárdio ao ver o peso: 61.700. Estava prestes a marcar o 112, porque isto de não comer e engordar só podia ser doença, quando me ocorreu que a balança podia estar avariada. Vai daí e lembrei-me dos meus tios que na semana anterior se tinham pesado na dita cuja e se queixaram de ter 3 quilos a mais. Na ocasião, gozei com eles. Que comessem menos. Mas, o meu tio insistiu. Até me ligou, "rapariga, deixa-te de dietas que hoje no centro de saúde, a efermeira pesou-me e confirmei que é a minha balança que está certa". E eu que não, que me deixassem em paz com o meu ronronron. "Tu estás magra! Queres emagrecer onde? Olha que já vieram queixar-se à tia que estavas muito feia", continuava o homem. Mas, eu mantinha-me irredutível no sucesso da minha missão e na defesa da minha balança.
Ontem depois da maquiavélica me apresentar aquele peso ocorreu-me que a balança do meu tio podia estar, efectivamente, correcta. Então lá fui.
 - Por aqui?
 - Vim pesar-me.
 - Tu estás maluca.
Entretranto, já tinha despido o casaco, arrancado colares e anéis, descalçado as botas. Só não tirei mais porque a casa do meu tio fica no Pólo Norte.
Subo para a balança e... 57kg. Sabem aquela luz que se vê antes de atravessar a fronteira da vida com a morte. Juro que a vi.
A minha balança traiu-me, desanimou-me. Questionei a minha saúde. Julguei-me hormonalmente descompensada e por isso, em vez de emagrecer, engordava. Agora não sei que lhe faça porque a sacaninha podia estar só a puxar por mim.
De qualquer das formas vou comprar uma balança nova.

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