7.5.15

Além da zona de conforto


Todos os dias das nossas vidas somos desafiados. Nas coisas rotineiras. Eu, por exemplo, desafio-me todos os dias, a beber mais água. O desafio da Carolina é dormir sozinha. O da Constança é lavar o cabelo sem chorar. Entre outros. Tantos outros.
Mas, há desafios maiores que nos são impostos. Entrar para a escola. Mudar de escola. Sermos bons. Física e intelectualmente. Voltar a mudar de escola. Enquanto que a autonomia nos é imposta sem nos perguntarem se queremos mesmo essa independência. Talvez eu estivesse muito bem sentada no sofá da minha avó com um prato de miluvit mel nas pernas enquanto via a Rua Sésamo na RTP2.
Sentada no banco do autocarro (desafio dos transportes públicos) assalta-me o pensamento do caminho feito de braço dado com o meu pai. E hoje, vou sozinha à cidade. Tenho dinheiro no bolso caso me dê fome.
Um desafio depois o outro. Estudo. Exames. Faculdade. A infância virou miragem. Só existe no álbum de fotos amarelado pelo tempo. E a adolescência escorregou pelos dedos sem que os reflexos permitissem apanhá-la. Pertencemos agora a uma classe designada de jovens adultos. Gerimos relações - a nossa e das nossas amigas.
Passas, com distinção, o exame de código e de condução. Estás apta a conduzir. Tens agora um carro e as despesas inerentes para gerir, também.
A seguir o trabalho.
Perdi a conta aos desafios. Num par de linhas fui de criança a adulta de quem se espera o casamento, a maternidade e a competência profissional.
Eu sei lá se sei trabalhar. Ou parir. Mais do que isso, sei lá se sou capaz de criar alguém.
Desafio atrás de desafio. O pior de todos, o desafio da perda. Da superação. Vou conseguir viver sem ti? Consegui.
Consegui tudo. Menos beber dois litros de água por dia.

Obrigada Catarina. Vou saltar.

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