6.11.15

À minha adolescente.


Quantas vezes te olho na tentativa de te decorar. Para não te perder nas expressões infantis que se perdem. Para não te perder no tom de voz que agrava. Para não te perder no olhar que mente. No jeito e nos gestos que já não são ingénuos.
Procuro-te as faces redondas e rosadas do bebé pequeno de cabelo espetado. Encontro-o nas fotos. E engulo-te a expressão para que se faça orgão dentro de mim. Não a quero perder.
Fecho os olhos e convenço-me que és a mesma. És minha, como sempre. Talvez mais um pouco porque sãos mais os anos que partilhamos. Mas cresces e vais sozinha para a escola. Tens telemóvel. E conta no facebook. Até tens namorado.
Já frequentas o segundo ciclo. E sais da escola para comprar gomas.
Não sei se te perco. Não sei se te ganho.
Mas não te largo.

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