19.3.16

Os teus 6 anos!


Deitada ao teu lado convenço-me que continuas bebé. No quarto cuja luz se vê pelas frinchas das persianas que me proíbes de fechar procuro as tuas mãos. Gosto que continuem pequenas. E que sorrias durante o sono. Mas, confesso que me incomoda a ligeireza com que ainda dormes. Tens seis anos, caraças... experimenta um sono ininterrupto de 8 horas. Ias adorar e a mãe também.
Deves saber que foste o único recém nascido lindo que vi até hoje. Eras enorme, de dedos compridos, e de um redondo tão perfeito que parecias concebida a compasso.
No teu primeiro dia vestiste um vestido cor de rosa.
Desde muito cedo te percebi a independência. Como quem cedo se impõe. E se inquieta.
Noto-te a garra das grandes mulheres capazes de se fazerem no vagar dos dias.
Devo confessar-te que enquanto te acolhi em mim receei amar-te de menos porque o que já sentia pela tua irmã parecia engolir-me todo o amor. Disparate. O amor quando partilhado multiplica-se. Nunca conseguiremos amar de menos os nossos.
Deves saber que quando te deixo na escola e engoles em seco com os olhos carregados de lágrimas e ainda assim não choras me esmagas o coração e enches de orgulho. Da força com que és feita.
Não te dás a quem não te merece. Observas. Comes o mundo com os teus olhos gigantes. E bebes do saber. Sabes muito mais do que te ensinei. E compreendes o amor. Crias laços que se farão eternos. Ainda ontem me dizias que nunca me abandonarás, menos quando estiveres a namorar.
Hoje fiz-te bolos que não provarás. Como sempre, vais manter-te na tua e sorrir aqui e ali quando te falarem. Vais parecer ausente e caminhar altiva sempre com as costas direitas. Mas, todos te notam. Porque esses olhos agarram. És viciante nesse teu jeito desinteressado.
Faço-me cada vez mais de ti. Do que me ensinas quando sozinhas nos namoramos.
És a minha Constança. E eu, se pudesse imaginar uma filha, ela nunca chegaria aos teus pés compridos e morenos.

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