11.1.17

Mário Soares!


Soube, no Sábado, da sua morte. Apesar de há muito anunciada, a confirmação, sensibilizou-me.
No mesmo Sábado, fui ao futebol. O Vitória recebeu o Benfica e antes do arranque da partida assistimos ao justíssimo minuto de silêncio. Não foram os cânticos que não cessaram que me incomodaram, foi o tipo ao meu lado que desatou a proferir vernáculo e acusações porque é sempre mais fácil dizer mal do que bem e porque o seu conhecimento, por certo, não lhe permitirá saber quem foi Soares.
Um homem maior do que a sua biografia. Salazar prendeu-o 13 vezes, deportou-o e exilou-o. Foi no exílio que refundou o PS.
Foi ministro dos Negócios Estrangeiros, Primeiro Ministro em três governos, Presidente da República por dois mandatos, deputado europeu. Só tachos, dirão.
Soares ganhou e perdeu. Errou, também, com certeza. Mas, como escreveu no seu editorial no dia posterior à sua morte, Afonso Camões, director do JN, "foi um sempre em pé nas lealdades, político de coragem e vocação, nunca resignado e muito menos rendido. Culto, moderno, cosmopolita. Soares era um homem com mundo e foi mundo que ele acrescentou a Portugal".
Também Miguel Esteves Cardoso escreveu sobre Soares, agora que morreu, mas já antes o tinha feito numa crónica onde assumiu ter "desesperadamente tentado encontrar defeitos no pai da democracia". Ao invés, escreveu, "lançou as sementes do respeito e da autoridade neste infértil jardim à beira mar plantado. Adoro o homem. Eu e um grupo selecto de 10 milhões de portugueses".
Mário Soares foi ontem a sepultar e não houve canto no mundo onde não fosse definido como o maior responsável pelo Portugal livre.
Não ficará apenas na história. Fez história. E isso é muito fixe.

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