2.11.17

O parto parte I


Com 39 semanas de gestação, tendo encontro marcado para o dia seguinte (22 de Setembro) com o meu ginecologista, acreditei que ainda tinha tempo para ver todas as temporadas da Única Mulher e, quiçá, fazer o Iron Man.
Na minha modesta opinião a criatura ainda estava ao nível das amígdalas e atormentava-me a possibilidade de só desovar às 41 semanas (6 de Outubro era a segunda data prevista para o parto).
Só parei de trabalhar quando entrei nas 39 semanas, mas em boa verdade, vim para casa e só acelerei o ritmo. Tinha mil e uma coisas que ainda queria fazer antes de a criatura nascer.
Na quinta-feira, dia 21, mantinha a ladainha do "estou que nem posso". A minha imagem seria de tal modo, vá, grande, que nessa manhã, ao pequeno almoço, não esqueço os olhos de compaixão de uma amiga.
Passei a tarde em modo fêmea que se prepara para parir (mas não percebi). Em boa hora, coagi a minha filha mais velha para me fazer uma pedicure caseira (na verdade foi só um pretexto para me massajar os pés) e estendi-me no sofá.
Recolhi a Constança na escola e voltei directa para a casa de banho.
Franzi as sobrancelhas quando me limpei, mas estava em negação. Baixou em mim um(a) elefanta e, às tantas, julguei que pudesse manter a gestação até aos 22 meses.
Já com o homem em casa, quando voltei a abancar no sofá, só demoraram 10 segundos para perceber o que me estava a acontecer, "rebentou-me a bolsa!!!!!!".
O homem pediu calma perante o meu ataque de nervos. Como assim rebentou-me a bolsa????? Já????? Só tenho 39 semanas!!!! E estas coisas só acontecem nos filmes. A mim não me rebenta a bolsa, rebentam-na no hospital com uma espécie de cotonete xxl.
Subi ao quarto para me banhar e a descarga ia ganhando proporções de cheia. Mas, eu continuava desconfiada. As miúdas também. A Constança, por exemplo, deve ter achado que a mãe ficaria grávida para sempre e que a irmã nunca seria mais do que uma barriga. Às tantas, as miúdas cá de casa desataram numa choradeira. A mãe saía de casa sem previsão de regresso.
O homem ainda comeu arroz de feijão com sardinhas e insistiu que o acompanhasse. Recusei. Só me ocorria a hipótese de uma entubação e ter nas entranhas uma refeição assim tão ligeira.
Ao sair do carro, já no estacionamento do hospital, descarreguei líquido capaz de encher uma banheira de hidromassagem. Entrei no serviço de cadeira de rodas, mas rapidamente a enfermeira pediu que me fizesse à vida e desse às perninhas. A segunda coisa que fez foi dar-me uma fralda.
Após o CTG, fui vista pelo médico (açoriano, gostava de motas e dizia umas coisinhas em russo...imaginem a cavaqueira, só faltou pedir duas vodkas). Primeiro toque. E a confirmação que, apesar da ruptura, o útero continuava muito fechadinho. Por outro lado, a dores iam-se instalando. Primeiro, ao jeito isto não custa nada. Depois, olha afinal mói um bocado. Até que filhas da p***, esta merda não se aguenta, f***-**!!!! 

Continua...

2 comentários:

  1. Parabéns querida. Lá está...depois da tempestade vem a bonança :)*

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  2. Mutios Parabéns!! muitas felicidades para todos.

    PS: adoro a foto, está com cara de: "no que é que eu fui me meter, agora como é que "isto" sai daqui?!"
    Já passei por isso 2 vezes e gostaria de ter mais 1...felizmente tudo passa e compensa tanto depois!

    Aguardo o próximo post ansiosamente.

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