20.6.11

A última festa

Eles que eram assim tão pequeninos, de repente medem 1.20m...


Ela pede-me a pasta. Estojos de lápis de cor e de cera. Marcadores. Aquarelas. Também já me pediu canas de pesca, mas isso são outros quinhentos. Adora folhas em branco. E fingir que lê. Gosta que eu lhe leia - só eu e a educadora. Não gosta da entoação do pai nem da forma descomprometida com a história como ele lhe lê. Perde-se nas histórias. Entre as folhas e as suas escritas atrapalhadas. Vai começar o 1º ciclo em Setembro. Em casa chamámos-lhe a "escola a sério". Não sei se já se deu conta da mudança. Acho que não. Para ela significa apenas essa panóplia de material novo a estrear. Como eu gostava também de comprar o meu material e estrear a primeira linha do caderno com a caligrafia mais bonita que conseguia.
A verdade é que esse passo está ao virar da esquina. Ao virar de dois meses - mais coisa, menos coisa.
A festa de sábado foi...de festa. Sempre maravilhosa e a envergonhar algumas organizações festivas profissionais. Os protagonistas tinham desde os 0 anos a 16, 17... A minha Carolina agiganta-se naquele palco. Ela que até está numa fase tímida (tipo dá um beijinho ao tio...NÃO!), quando entra em cena é uma estrela. Segura. Concentrada. Ao ponto de fazer ruir de comoção esta esta leoa que se sente velha quando vê assim a cria...tão imponente, tão dona do seu nariz. Quando a chamo para o pé de mim e me diz "não, vou para o meu lugar, para junto da Tuca e dos meninos".
Foi a última festa! Em breve deixarão de se ver. E isso aperta-me um bocado aqui do lado esquerdo do peito.  Conheceram-se quando alguns ainda usavam fralda. Outros mal andavam. Mal falavam. Cresceram juntos, entre trambolhões e babetes na hora da refeição. Entre muito choro - deles e nosso - quando os deixávamos nos braços de quem começou por ser estranho. Hoje, sinto-me grata. Pelo que a educadora fez pela minha filha (e sorte minha fará também pela outra...uma vem, outra vai...). Por tudo o que lhe ensinou. Pelos princípios que lhe incutiu. Pelas vezes que lhe colocou o gancho no cabelo ou pela paciência com as minhas mariquices. Pelos acessórios que insistia que usasse e ela com toda a paciência do mundo voltava a colocar, depois de terem caído 273 vezes.
Vou sentir falta daqueles meninos que aprendi a conhecer e a gostar. Do jeitinho de cada um. Mais atrevido. Mais recatado. E tenho a certeza que ela também.

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