10.6.12

My baby little sister



Nasceu em Agosto. Foi a primeira filha de uma mãe ainda jovem e primeira neta de uma avó que pouco colo lhe deu.
Tinha o cabelo preto que adiante há-de tornar-se encaracolado.
Lembro-me dos lábios, também. Bonitos. Desenhados com brio. E da irreverência como as tatuagens do corpo. Marcadas para lá da pele.
Às vezes seria má educação, rebeldia. Nunca mau coração.
Esta vida é o mês de Agosto. A esplanada, os carrinhos de choque das Gualterianas, o rádio do carro, o biquini, a moto4 e as cervejas em cima das rochas.
Esta vida é o vestido de festa na romaria. É a espuma da discoteca que virou MitPenha.
É o amor, em espaços curtos. Com personagens várias e gargalhadas que persistem neste Junho.
É a idade que tinhas... mas não tinhas. Os tacões da tia. O quarto da avó. E o telemóvel que toca para despertar quem está deitada ao teu lado.
Eu sei que não gostas das calças largas. E o cabelo preto não combina contigo.
Eu sei que sentes falta do eyeliner e do batón vermelho. Da vertigem de caminhar sobre o tacão.
Que sentes falta de ti - e também de mim. De nós, e do que as duas podíamos.
E essa falta não precisa do espaço que lhe dás. Porque estamos aqui. Como em Agosto.
A maquilhagem é nova. Os sapatos são mais que as mães com tacões maiores. Há o gel e as pestanas falsas. Os smartphones...E as Gualterianas voltam todos os anos.
Deixa-me pedir-te que voltes também.
Que voltes para ti (para o que és) e para aqui. E que te permitas recomeçar. Agora que uma porta se abriu. Sê o que sempre foste. O que és...Entra. Não peças licença. Abre o frigorífico e agarra-te à mousse.



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