31.1.14

Eu também fui vítima de cancro.




Dizem que todos nos devemos preparar para o cancro. E são os entendidos que nos alertam. Como uma probabilidade que se assemelhará a uma ou duas gripes por ano.
Eu já fui vítima de cancro. Indirectamente. A "ratazana" que o Forjaz fala comeu-me o coração enquanto se alimentava do cérebro do meu pai.
O meu pai morreu de cancro. Eu fui a primeira a saber o diagnóstico. O meu pai tinha os olhos do Forjaz, azuis. Morreu com a idade dele. E nunca fomos capazes de assumir o cancro. De o verbalizar.
E ele morreu-me.
Depois de ouvir e ler, em suspenso, as palavras deste homem, penso que assumir o cancro talvez nos tivesse permitido criar a caixa de ferramentas para o combater. Cobardemente, assobiamos para o ar. Tapámo-nos na cama. Cobrimos cabeça. E perdemos, porque nem sequer lutamos.

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