28.5.14

A distância é relativa ou nem sequer existe para uma criança de quatro anos

Ontem o meu primo...meu primo não que o tipo é um bocado mais do que isso. Ontem o meu compadre... Espera. Compadre soa a circunstancia... Ontem o tipo que se casou com a minha prima - daquelas primas do coração - que por acaso é pai da minha afilhada e calhou ser meu padrinho de casamento fez anos. Não sei quantos, mas o gajo já não vai para novo. Adiante, o rapaz está longe. Noutro país. E demos-lhe os parabéns através do facetime. Encontramo-lo em tronco nu e fita na cabeça que o tipo é assim, para o maluco, dotado de uma loucura responsável que queremos ter por perto.
Já depois de muita conversa a sete e às vezes as nove porque os meus buldogues se intrometiam, a pequena Constança achou que devia passar para o lado de lá, "quero ir para aí". Ora, o aí, não é aqui ou ali, três quarteirões ao lado. O aí é noutro país europeu. A minha prima lá lhe explicava, "Constancinha falta pouco para virem cá e tenho à tua espera os coelhinhos de chocolate" ao mesmo tempo que lhe mostrava os ditos cujos com uma campainha no pescoço a tilintar. Pior a emenda que o soneto. E cada vez mais audível e choroso, "quero ir para aííííííí. Hoje!!!!!!". Elas, a minha prima e a minha afilhada comovidas com tamanha manifestação de amor e saudade, tentavam convênce-la da relatividade do tempo, "falta menos de um mês e já estarão aqui". E a miúda que não, queria meter-se hoje no avião e voar para lá.
Desligamos a chamada. O pranto continuou. Levei-a para o quarto e tentei explicar-lhe que um avião não é bem um autocarro e que elas estão longe, não é como ir ali ao tio e voltar. Sozinha comigo desfez o mistério, "oh mãe.... mas se não for hoje, os meus coelhos vão derreter".

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