12.6.14

Às vezes incomodo...


E nem sempre é com a marca do batom nesse rosto redondo e moreno depois dos beijos que me pedes quando nos cruzamos no colégio. Apanhas-me distraída, às vezes, a olhar-te o cabelo teimoso que a mamã, nem com água, consegue baixar.
Beijo-te a face. E riem-te os olhos. Nesses instantes - sabes - em que o brilho dos teus olhos me alcança o coração, também me apaixono, mais um bocadinho por ti.
Estamos apaixonados, mas ninguém pode saber. Porque há muita gente que não sabe o que isso é. Não entende como nos apaixonámos por cães, ou pelo arroz de polvo da avó Sina. Como nos apaixonámos pelas primas e choramos quando vão embora.
Não entenderão, por exemplo, a paixão que tens pelo Di e que o Di tem por ti. Mas eu entendo. Porque um número numa folha nem sempre é só um número e uma folha.  Mas, há quem não entenda para além da soma do 2 +2. Há quem se perca sem uma fórmula matemática ou um enunciado científico. Porque não vêem o essencial que é sempre invisível aos olhos
A tia escreveu que estavas apaixonado por mim, como te apaixonaste pela Carolina, e houve quem não entendesse. E semeasse a perversidade, como se esta paixão que partilhamos - nós, grandes e vós, pequenos - suscitasse dúvidas. Não suscita. No coração que é esperto. E decifra, além da subtracção.

x = o meu sobrinho está apaixonado por mim
y = eu estou apaixonada pelo meu sobrinho
x+y = vamos ser apaixonados para sempre.

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