À parte das conversas com o banco, calharam-me visitas a instituições públicas, como Finanças, Câmara Municipal, Conservatória...
A minha missão era simples. Requerer os documentos necessários e levantá-los.
Ora bem, o primeiro documento atestava que a minha moradia não tinha penhoras sobre ela. Requeri-o nas Finanças, levantei-o na Conservatória. Então e qual é o problema? Perguntam vocês. Afinal, das Finanças até à Conservatória até podias ir a pé.
Não é um problema, são 200 problemas, convertidos em euros. 200 euros por folhas A4 que atestam que a minha casinha não tem penhoras. Vim de lá a morder o lábio.
Segundo documento, declaração não dívida das Finanças. Imprimia-a em casa. Caramba que os nossos organismos públicos funcionam tão bem que é um orgulho desmedido.
Terceiro documento, assento de nascimento, meu e do homem. Voltei à Conservatória. Duas folhas A4, meia dúzia de linhas em cada uma. Custo: 40 euros.
Segui viagem até à Câmara Municipal. Missão: requerer ficha técnica e licença de habitabilidade. Custo: 3 euros e tal pela autenticação, mais 17 euros na altura de os levantar.
Ufa! Até que enfim! Acabou-se o turismo nas instituições públicas. Tenho tudo.
Ou talvez não.
- Ó dona Andreia então trouxe a ficha técnica e a licença do lote 15?! O seu é o 13!!!
- Como assim?
- Trouxe os documentos de outra moradia.
- Então, mas aquelas
- Aquilo está no nome do construtor, fizeram confusão de certeza... Pagou por aquilo?
- Claro que paguei.
- Então venha buscar os documentos errados e leve-os lá. Têm de substituir pelos seus documentos.
E voltamos à Câmara.
- Bom dia.
- Bom dia. Menina deram-me a ficha técnica e uma licença de habitabilidade de outra moradia que não a minha.
- Então e a senhora pediu documentos que não eram seus?
- Naturalmente que não o fiz. A sua colega, na ocasião, deve ter-se equivocado no requerimento. Eu assinei convencida que estava a assinar o correcto, mas afinal não era. Trocaram o lote.
- Se assinou, consentiu.
- Verdade, assinei porque confiei na competência da funcionária e desconhecia o lote e o número do prédio.
- Agora não sei como é que vamos resolver.
- Não sabe? Eu digo-lhe. A senhora vai requerer os documentos correctos, lote 13, prédio 1049 e eu vou pagar, pela segunda vez, apesar do equívoco da sua colega. Que tal? Pode ser assim?
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