A primeira maratona da Carolina.

Não gosto das primeiras vezes da minha filha. O quarto ano é tramado. Pior do que os exames nacionais está a maldita viagem de finalistas que me vai tirar de casa, pela primeira vez, a minha primogénita, por três dias. Não estamos a falar de um aniversário after hours que até se prolonga do almoço ao jantar e que às vezes dá um grande jeito. Estão em causa duas noites e três dias com a minha filha a 300 quilómetros de distância. E essa viagem implica um número infindável de primeiras vezes. A primeira vez que faz tantos quilómetros sem mim. A primeira vez que vai tomar banho sem mim. A primeira vez que vai secar o cabelo sem mim, escová-lo e aplicar o sérum.A primeira vez que não vai dormir no quarto ao lado. A primeira vez que não me vai dar meia dúzia de beijos antes de se deitar. A primeira vez que vai tomar o pequeno almoço sem mim. A primeira vez que vai ver leões e tubarões sem mim. A primeira vez que vai usar um telemóvel pela sua própria conta.
Hoje, foi a primeira vez que correu uma maratona.
A verdade é que ainda não sei se a terminou.
O post sobre o passado atlético de sua mãe não ajudou à descontração e a rapariga correu à volta da mesa da sala até sair de casa.
Desejo que a tenha terminado, mas confesso que espero principalmente que não lhe tenha saído nenhum pulmão, não se tenha espalhado e que não tenha entrado por uma árvore adentro.