11.2.15

Qual é o momento de seguir em frente?


Não devia aventurar-me neste tipo de assuntos, mas tu pediste-me. Como acatei, resta-me tentar.
Eu não tenho resposta para ti. Nem eu, nem nenhum livro da especialidade. Nao gastes dinheiro com isso. Nem com ioga ou terapias.
Vou dizer-te uma das frases mais fatelas que podia proferir (se não estivesse a escrever). O teu coração saberá quando for o momento (de seguir em frente).
Não é o tempo. Não importa se passou um mês ou um ano.
Lembras-te de me falares naquela peça do puzzle que não cabia? Será mais ou menos por aí. Um dia, quando olhares de baixo do sofá - mas atenção, vais precisar de ajuda para erguê-lo - a peça que faltava está lá. E montas o puzzle.
Pensando bem, deves alargar essa busca. Com crianças, as coisas aparecem nos lugares mais improváveis. Ocorrem-me as gavetas das cuecas, o frasco das bolachas, o armário da mercearia. Alarga os teus horizontes.
É pesada essa herança do insucesso. Falhas-te (mas não foi sozinha) no maior projecto da tua vida. A boa notícia é que tens tempo de rasurar outro.
Hoje, sentes como se tivesses saído a perder. Perdeste, de facto. Mais um lugar à mesa, mais um copo e um prato para lavar, os pés quentes à noite. Perdeste no imediato. Mas,  por acaso já te ocorreu pensar no que ganhaste?
Mais tarde, podias já não ter tempo de comprar papel e rabiscar. Criar algo novo. Eu sei, a puta peça continua a faltar.
Procuraste dentro da máquina de lavar loiça?

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