12.2.15

Sogras, mães, filho(a)s, genros e noras.



 - Rapariga tu não tens vergonha de o homem estar a mudar a fralda à menina? - repreendia-me a minha avó enquanto se levantava do seu sofá para assumir ela própria a tarefa.
 - Deixe estar que eu mudo. Diga-lhe que não quando ela o mandar mudar a fralda, isso não é trabalho de homem - advertia-o, visivelmente envergonhada.
 Era esta a convicção da minha avó nascida na década de 20, mãe de seis, nascidos todos seguidos, com o intervalo de dois anos.
A minha mãe gostava - continua a gostar - que ele as alimente e vista, que faça a cama e as compras semanais. Que coloque a louça na máquina e limpe os pés no tapete.
 - O meu genro não faz as coisas por ele, mas basta a minha filha pedir e ele colabora nas tarefas. Há piores. Estou cheia de lhe dizer, ela até teve sorte, que o estime - confidencia no trabalho enquanto bebe café com a Isabelinha.
 - A minha Raquel também teve sorte com o Chico. Quando chega a casa tem o estrugido feito e as camas abertas - conta orgulhosa a colega da minha mãe. - Já o meu Leandro, teve pouca sorte com a mulher - desabafa.
 - Porquê Isabelinha? Parecem dar-se tão bem... - pergunta curiosa a minha mãe.
 - Ai Carminho, ela tem uns horários estranhos, o rapaz, coitado, às vezes até tem de meter a sopa ao menino. Quando ela chega a casa, já tem o banhinho dado. Ela senta-se e come. Veja bem que ele até ovos sabe fritar porque nem sempre ela lhe deixa comida para aquecer... ele lá se desenrasca. Um Domingo, apareci lá, sem eles contarem e vim embora doente, não é que o meu filho estava encostado à banca a lavar a louça?! E ela, ainda à mesa a comer rodelas de abacaxi. Quem o viu e quem o vê, Carminho - desabafa a mulher.
 - Deixe lá, teve a sua filha sorte, ao menos - consola-a a minha mãe.
  - Ai, lá isso é verdade, o Chico é um burro velho. Olhe que no outro Sábado, o meu homem tinha um ovo kinder para dar à menina e teimou que queria ir a casa deles. Quando lá chegamos, a minha filha ainda estava à mesa a fumar um cigarrinho e o Chico já tinha a louça a escorrer na banca e estava a varrer o chão, sabe que a rapariga faz muitas migalhas com o pão. Nós viemos para a sala e o rapaz ficou a tirar-nos um cafézinho. Teve muita sorte a minha filha. Ele até lhe passa a ferro quando chega cedo do trabalho. É assim Carminho, não se pode ter tudo, não é?

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