15.9.16

O primeiro dia.






Lembro-me vagamente do meu primeiro dia de escola. O primeiro de todos. Porque coincidiu com a primeira mudança de casa. Vi-me num espaço estranho, com pessoas estranhas. Mas, não associo o início da minha minha formação escolar a tristeza, ainda que exista a possibilidade muitíssimo remota de ter chorado.
Houvesse smartphones e o meu pai teria preenchido a timeline do seu facebook com fotos de uma miúda ruiva e sardenta e a juntar-lhes comentários foleiros.
Acordaste às 5 da manhã. Chamaste. Deitei-me ao teu lado convencida que, como de costume, levarias dois minutos e meio para voltares a adormecer. Estava enganada. De cada vez que me mexia arregalavas as grandes azeitonas escuras para mim e não fossem os mais belos olhos castanhos do mundo quase me sentiria num episódio do Exorcista. Estive uma hora deitada ao teu lado com os pés fora da cama.
De manhã sorriste para as fotos, mas estavas nervosa. Se pudesses, terias ficado em casa, descalçado os sapatos, recuperado o Verão. E à noite, à hora do banho, a terra dos pés, cobriria de castanho a banheira.
Sei que esta noite a água terá menos sujidade e sei também que te safas (safaste sempre) com arte e engenho.
Mas, hoje naquele que é o primeiro dia de uma jornada que quero longa e de sucesso, digo-te morena, que não te presumo perfeita e nunca te amaria menos por errares. Descontrai. Estarei sempre aqui para te abotoar a camisa.

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