13.10.16

Um mês de obrigações escolares.



Quando te vi, de livro aberto na mão, enfileirar ao lado da porta para leres os ditongos, confesso que parti de coração apertado. Não os sabias na ponta da língua, mas não foi isso que me incomodou. Incomoda-me a pressão a que te sujeitas porque não te permites falhar.
Fiquei contente quando, no final do dia, me disseste que tinhas recebido uma carinha feliz.
A primária - chamam-lhe agora 1ºciclo - é provavelmente a fase escolar mais dura das nossas vidas. Uma pessoa vem de brincar e pular o dia todo como se não houvesse amanhã; de sestas brutais a seguir ao almoço; de ter gente que nos ata os sapatos enquanto ali ficamos altivas de mãos à cintura como donas do mundo e a pingar do nariz, e de repente, passamos a estar sentadas quase o dia todo, a ter de por a mão no ar para falar, a meter a nossa própria comida numa bandeja e a procurar um lugar no refeitório como na penitenciária de San Quentin.
Com um bocadinho de sorte, temos uma daquelas professoras que são como a nossa tia Maria, queridas e preocupadas ou então não e calha-nos uma daquelas amarguradas que ganham uma merda e foram colocadas a não sei quantos quilómetros de distância de casa e por isso têm pouca paciência para 28 minions que não sabem ao que vieram. É duro!.
Por isso, sempre que lhes pergunto "como correu?" e respondem "bem", fico aliviada.
Sei que não vai ser sempre assim. Vai haver dias em que o bully lhes vai estragar a manhã. E a camisola. Vai haver dias em que o empadão instantâneo não vai cair bem. Vai haver dias de orgulho ferido e mãos esfoladas. Mas, vai haver coisas boas. Amigos para a vida. Chegadas à meta em primeiro. 100 por centos. Satisfazes muitos. E a mãe orgulhosa. É assim. Good days e bad days.
Para já, começou bem, mas mesmo que não tivesse começado é lembrar do Usain Bolt, começa sempre mal na partida e acaba por levar a medalha enquanto o bully dele está em casa dos pais alapado no sofá a enfardar doritos com cerveja a vê-lo na TV em cima do pódio de braço no ar, medalha de ouro no peito e bandeira da Jamaica nas costas. Thats life.
Finalmente, minhas ricas filhas, esqueçam lá o gajo mais popular da escola, toda a gente sabe que vai crescer e tornar-se um totó.

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