14.6.11

Um lado e o outro


Às vezes oferecem-me garrafas de vinho, jantares, almoços, cães... Até viagens. Outras vezes, caixas de capas para colchão. Mandam mails. Ligam a agradecer reportagens. Cumprimentam na rua. Até já me aconteceu (o meu marido que não nos oiça) ser cortejada em plena entrevista. Também já foram mal educados, já recusaram falar, e não apareceram quando estava tudo acertado. Já estive numa reunião de câmara aí de um concelho bebé - que cheira-me que em breve deixará de o ser - em que o único tema do período antes da ordem do dia foi uma entrevista que um dos membros da oposição me tinha dado. Levou ele na cabeça e eu por tabela.  Imaginem que até já tive uma quebra e precisei de um copo de água com açúcar. Já me aconteceram tantas que nem me vou preocupar em lembrar-me de mais. Mas, o jornalismo, às vezes, é tramado. Nas duas últimas semanas escrevi sobre violência. Primeiro doméstica, depois - como direi - física. Gratuita. Do primeiro caso resultou que tenho uma mãe à perna porque afinal a minha testemunha que deveria personificar a vítima que apanha de bico calado e depois da Madre Teresa é a mais santa das comuns mortais, é uma grande bisca. E de santa nem o ar lhe vale. Oh pá, mas quem sou eu para desconfiar do que me conta quando o alegado agressor já foi constituído arguido e está formalmente acusado do crime de rapto?
No segundo - que está amanhã nas bancas - o alegado agressor, assim só por acaso é o marido de uma amiga da minha mãe. Mas o que é isto? Somos mais de 100 mil habitantes nesta cidade!!! E tinha que ser o mesmo gajo?! Imagino que nos próximos dias terei mais um inscrito na torcida do contra. A minha mãe até está com medo. Eu? Naaaa. Nem um pouco.
Às vezes é complicado escrever. Acontece frequentemente um dos lados não querer falar. Outras, o outro lado nem sequer é identificado por quem fala, como tal vais ouvir quem?? Não ouves. Mas, neste ovinho que é a nossa urbe - mesmo que tires uma foto de costas e não te identifiques - há sempre alguém que te conhece.
Vamos andando e vamos vendo. Olha amanhã vou ver uma coisa gira. 2012 crianças, de 12 anos vão formar o logotipo da CEC 2012. No final serão libertados 2012 pombos brancos.

Ah (!) ontem o meu terapeuta disse a "f" word. Ups!!!

1 comentário:

  1. A verdade é que, às vezes, é preciso ter muita coragem para se ser jornalista a sério, para contar as histórias tal como elas são.

    ResponderEliminar