7.7.16

Estamos na final e o resto: que sa foda!






Há 12 anos, ainda tinhas umas borbulhas, começavas a botar corpo e havia já quem dissesse que tinhas uns pés de outro mundo. Mas, tu, Cristiano, filho da Dona Dolores, tocaste-me pelo coração. Estava ali a imagem de quem não joga apenas como os melhores. Mas, de quem quer, de quem se esfola e de quem sofre. Os jogadores bem podem ter os pés mais dotados, as estratégias mais inteligentes, somar golos, bater recordes, acumular estatísticas, mas quem sofre assim, está do lado dos homens. E por isso, Cristiano, é tão fácil gostar de ti. Sobretudo quando te irritas. Quando te impões. Quando te sacrificas. O resto, é como tu dizes: que sa foda.
Tu, Cristiano, merecias ganhar isto antes de a idade te retirar velocidade aos sprints e nos afastar dos teus pés de outro planeta.
Estes emigrantes portugueses em França - a maior comunidade portuguesa pelo mundo - que fazem quilómetros, que não arredam pé dia e noite, que gritam por Portugal e pelo nome de todos os jogadores com a garganta e a espinha, estes emigrantes que deixaram para trás a miséria, mas nunca o seu país mereciam tanto, tanto, esta alegria. Ali, em França, por estes dias, a Selecção é a casa que ficou para trás. É coração, apenas coração.
Não havia melhor lugar no mundo para nos vingarmos daquele 2004 que ainda nos amarga.
Cristiano, podes mandar ao lago os microfones que quiseres, fazer os piretes que quiseres, ter as mulheres que quiseres. Podes irritar-te quando não te passarem a bola, olhar para o céu quando te faltarem as pernas. Porque ninguém quer isto como tu. Ninguém quer tanto salvar-nos como tu. Ninguém vai rir ou chorar como tu.

Mas, se perdermos: que sa foda.

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