29.10.16

O Outubro do meu pai.



Mais ou menos por esta hora assavam-se as castanhas enquanto outras se descascavam para cozer, com canela. Dispunha-se a cebola - brava, como gostavas - com o vinagre tinto. Cortava-se o pão, enchias os copos.
Material do Sporting, facas e canivetes suíços. Era o que gostavas de receber. Mas, mais do que isso, gostavas da casa cheia. E encheu da última vez que te celebramos o nascimento.
Eu existo porque existe Outubro. Porque existes tu.
Os pais - como tu - não deviam morrer. Fizeste-te avião para me mostrar que me carregavas nas tuas asas, se precisasse, mas fizeste-me entender que com as minhas próprias asas também voaria.


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